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O importante papel das ONGs na redução do desperdício de alimentos



Os números em relação ao desperdício de alimentos vêm subindo a cada ano.

E não só apenas no que se refere a perda de comida, mas também a perda financeira que ela gera.


Aqui no Brasil ainda não temos estudos muitos profundos em relação ao tema. Mas uma pesquisa feita no Reino Unido, mostrou que por ano, cada família inglesa joga fora quase 470 euros de comida no lixo por ano. Isso da quase 3 mil em moeda brasileira.


O mesmo estudo estima estima-se que, mundialmente, aproximadamente 1.3 bilhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas, o correspondente a 30% de toda produção mundial, o que poderia ser mais do que suficiente para alimentar milhões de famílias em situações precárias ou simplesmente eliminar a fome de crianças entre 2 a 12 anos de idade no mundo.


As perdas de alimentos são ocasionados por vários motivos, em momentos diversos da cadeia de suprimentos, desde sua produção até a mesa do consumidor.


Alimentos são jogados fora, por exemplo quando há uma superprodução de alimentos, ou um queda na demanda, tornando o faturamento previsto com aquele produto inferior aos custos operacionais de distribuição, como mão de obra, transporte e armazenagem.


Alimentos também são perdidos devido a avaria ou má acomodação em caixas. Ou seja, a má condição das nossas estradas é um fator importante para que toneladas de alimentos sejam perdidos em nosso pais.


Produtos também são jogados fora no processo de separação e análise estética no ato de recebimento por parte dos compradores. Seja produtos são descartados por que são pequenos ou finos demais, apresentem formatos ou coloração diferentes do padrão, machucados, manchas ou sinais de maturação, ainda que estejam em perfeitas condições nutricionais e seguros para o consumo.


Quem já visitou uma central de distribuição de frutas e hortaliças como a CEAGESP ou CEASA deve ter ficado espantado com tanto de alimento espalhado pelo chão.


Já existe porém um movimento que vem unindo supermercados e ONGs ao redor do mundo e que está conseguindo transformar esse desperdício de alimento pem refeições para as pessoas mais necessitadas de nossa sociedade.


Alguns supermercados na Europa, em paises como Reino Unido e Suécia, já começaram a doar algumas sobras de alimentos em bom estado para grupos carentes. Inclusive, a França anos atrás proibiu os mercados de jogarem fora alimentos com o objetivo de combater o desperdício. Essa lei contribuiu para um aumento substancial nas doações a institutos carentes.


Já no Brasil, no ano passado foi aprovada a lei 14016/2020 que incentiva também a doação e eliminou amarras históricas que atrapalhavam esse processo.


Obviamente, não é fácil para um supermercado simplesmente doar seus alimentos pois é preciso separá-las bem e garantir minimamente que a comida é consumível. Fora que há a questão logística pois há todo um trabalho a ser realizado entre coletar o produto no supermercado e distribuir para pessoas carentes.


No Reino Unido existe uma rede chamada FareShare cujo intuito é resolver esse problema e viabilizar a distribuição de excedentes com qualidade aceitável para comunidades carentes e instituições. Ela foi fundada nos anos 90 e desde então redistribui alimentos para mais de 6 mil instituições!


Com o auxílio da FareShare, os supermercados ingleses conseguem conectar seus produtos excedentes ou próximos ao vencimento a redes de assistencia social, impactando positivamente milhares de pessoas.


Aqui no Brasil um trabalho semelhante é desempenhado pela ONG Banco de Alimentos, fundada em 1998 em São Paulo e que possui parcerias com grandes redes de supermercados e indútrias.

Ações e operações como a da Fairshare e da ONG Banco de Alimentos são importantissimas e devem ser abraçadas por mais supermercados e replicadas a outros estados do nosso pais.


É notável o esforço por parte dos supermercados brasileiros no intuito de reduzir suas perdas e eliminar suas perdas. Trata-se de um tema que avançou bastante nos ultimos cinco anos seja através de uma maior importancia dada por parte dos gestores, no investimento em processos e tecnologia assim como em conhecimento.


Acredito que o próximo caminho a ser percorrido pela áreas de prevenção de perdas será o de reduzir o desperdício de alimentos através de um encaminhamento social de suas quebras.


Para que isso ocorra, a área precisará ser suportada pela área de sustentabilidade (através da parceria com ONGs) e pela tecnologia. (para viabilizar a tecnologia necessária para dar escala a esse processo).


Em um ano, em razão da pandemia, dobramos a quantidade de brasileiros em situação de insegurança alimentar. Hoje são 100 milhões de brasileiro que acordam sem ter a certeza que conseguirão alimentar a si próprio e a seus filhos. Fora que 20 milhões de brasileiros convivem com a fome.


Ou seja, achar forma de amenizar esse grave problema tornou-se mais que urgente, e supermercados e ONGs passam a ter um papel ainda mais importante e urgente


E é claro que nós, consumidores, também podemos desempenhar um papel importante nesse processo através de uma mudança cultural voltada a reduzir o desperdício de alimentos e dar um melhor encaminhamento as sobras e alimentos de nossas casas. Como ? Bem, isso será tema de um outro texto :)

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